domingo, 21 de setembro de 2014

Sobre Dança, Ainda.



Respiro como você. Hoje, estou viva. Sou um ser humano e como todo bom humano, eu sofro. Tristeza e sofrimento são legados dos que têm um nome nos arquivos de um Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, seja em qualquer uma daquelas famosas fases em que normalmente se procura um desses Cartórios, em especial a última - para os nossos. Pode parecer exagero, mas não é. Pessoas vivas sofrem. Acontece que gente consciente sabe gerar crescimento e mudança de cada obstáculo que se encontra pelas esquinas dessa esfera giratória que chamamos de mundo.  

Temos uma arma. Por que não usá-la? Ânimo! Podemos escolher ter o ânimo como nosso aliado. Há duas coisas nessa vida que fatalmente não recuperamos: balão de gás hélio desprendido em campo aberto e tempo perdido. Viver intensamente a abundância que a vida pode nos oferecer, apesar da dor, é sabedoria para poucos. 

Há licitude? Então, não! Não largue o que te faz sorrir. Recolha o instrumento da sua vocação e vá! Galguemos passos largos em direção ao que Deus nos permite ter pra nós: vida abundante e eterna. Somos todos efêmeros, porém só quem vive pode vencer a morte. Não sou personagem de um playstation, tenho apenas uma vida e não posso brincar com ela. Meu lar não é aqui e tudo de mais incrível que eu possa ter e viver, por mais extraordinário que seja, ainda é pouco. E, sempre será.

Para tanto é preciso coragem, atitude de quem ama; não apenas aos seus e a si, mas de quem ama a vida e ama viver. Vida como ela é, no seu compasso, em cada passo desse som cheio de échappé, glissade e jeté. Quem conhece tais expressões sabe que graciosidade requer força! Com a devida révérence: dance, ame... - em tempo, se vives. Vença!




domingo, 3 de agosto de 2014

Nostalgie

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados
insanos por aqueles que não podiam escutar a música".

(F. Nietzsche) 

Penso que nunca chorei tanto que nem aquele dia. As lágrimas pareciam brotar da minha alma resistente até ali. Eram lembranças demais pra uma mente só. De repente, como que numa enxurrada, grande parte dos melhores momentos que vivi foram gritando como crianças em dia de aula de quarta-feira durante a última chamada da turma da manhã.
-  Presente!
Cada pensamento, um a um, como resposta de indagações encubadas diziam estar bem perto, ainda. Era inverno. Frio para o corpo e também pra minha alma. Era início de agosto e se aproximava a primavera, estação ingrata; ingrata e fugaz! Em setembros fui noiva, mulher, amei, enlouqueci, assumi paixões e voei mais de onze horas pra um lugar que me levou pra mais perto de mim em seu início de outono encantador. Hoje as lágrimas não cessaram e quando as tenho, menos tímidas.


Uma dessas lembranças são as de minhas mãos. Parece tolo, mas não para uma pianista. Toco piano desde os 10 anos de idade. Perceber as mãos envelhecendo é ver despontar, bem na pele, mais uma dessas perguntas que a vida nos traz: o que minhas mãos teriam produzido? Sei bem o que fiz com elas. Também sei o que deixei de fazer. Queria ter fotografado minhas mãos ano após ano. Tudo bem, as observei muito. Estão fotografadas em minha mente. 

É canção de marinheiro, é suspiro de verão brotando da terra, é flor-de-viúva do jardim que me aguarda, é assobiador que quer voar. 

Volto ao meu piano desafinado no canto daquele lugar que prefiro chamar de meu. Já é tarde e há lei que proíbe tocar agora. Vou apenas olhar para minhas mãos e sorrir.

Aliás, posso dançar em silêncio. Ser julgada insana? Dá-lhe Nietzsche!

domingo, 20 de julho de 2014

Por Que Dançar?




A vida perde o sentido quando... não. A vida sempre tem sentido. Sempre haverá sentido em todas as coisas, porque há sentido na vida. Se há vida, haverá sentido em cada evento associado a ela. Acontece que pra ela, buscar tal sentido é perder tempo. Ele está ali, quieto. Deixa ele lá; é pra estar lá, no lugar dele. E, quando você menos espera, ele resolve dar o ar da graça... de repente, tudo na vida volta a ter sentido. A vida passa a ver sentido. Calma, vez ou outra ele some de novo, mas volta. Sempre volta porque estamos vivos. Sentido não é coisa que se perde enquanto se respira, inspira, expira e transpira, ainda que pira! A vida nunca perde o sentido. A vida é só dança porque o sentido também usa sapatilhas. Movimente-se com cuidado, mas sem medo.

Arrisque-se dançar! De preferência, com ele.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Copa DesconHexa

Na Copa em nossa Casa, será pizza o prato da vez? Pizza é coisa de Italiano. Mesmo? Será eles os campeões desta? Sem palpite. Contudo, sobre nossa realidade, nem sei o que dizer. Há certas ocasiões em que o silêncio diz mais que qualquer coisa. Mas nesse caso, calar-se seria consentir? Talvez sim. Por isso resolvi escrever. 

Primeiro gol da Copa de 2014 foi de um brasileiro. Ótimo, responsável pelo primeiro gol contra da seleção em Copas. Há 84 anos, em 97 partidas, desde 1930... ok, pra tudo tem sua primeira vez. Coitado, o Marcelo não fez por mal. Mas que criou uma metáfora impagável, criou. De toda corrupção envolvida nisso tudo, aquele gol esquisito não estava planejado, todos sabemos. Embora não corrupto, foi um tanto quanto irônico. A Copa de 2014 é gol contra. Gol contra os brasileiros. É gol de um brasileiro, mas contra. 

A Copa de 2014 é gol contra a gente. É gol dos coronéis. Mandatários cegos pelo poder e enlouquecidos pelo dinheiro do povo. Bola que salta na rede adversária da imoralidade das ações inconstitucionais e desumanas. Pobre cidadão, destarte rico de garra! A luta não parou. Não estou falando dos infiltrados (não duvido que pelo próprio governo) black blocs, mas de protestantes legítimos que acabam sendo camuflados por aqueles. Sim, gente como a gente, gente como eu. Gente!

"Verás que um filho teu não foge à luta", sim verás! 

Espero, sinceramente, que as eleições deste ano sejam consideradas expressivas, que nosso povo esteja em alerta; e, que essa "Copa da vez" não embarace nossos caminhos. No mais, recomendo a leitura:"Oportunidade que se transformou em crise". E, que neste ano, seja feliz nosso 5 de outubro.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Amigável Euforia


Minha vida é um "livro aberto", posso afirmar. Poucos vivem assim: perigosamente! Falar de si, em qualquer situação, requer coragem. É se arriscar por muito pouco. Crises interiores? Não se fala sobre isso. Tem gente mais preocupada com o carro do ano, o último lançamento das vitrines ou com o marido da vizinha. Não, nossos assuntos particulares não merecem exposição despretensiosa. Há coisas que temos dificuldade em descrever e não se deve sair falando demais por aí. Afinal, apenas os mais chegados conhecem o que realmente nos aflige, ou por vezes ninguém. O mal que nos perturba é todo nosso. Tomamos para nós. Não é para ser visto, quanto mais falar sobre! Egoísmo? Orgulho? Burrice? Não, não nada é disso? Não sei.

Nos bares, nas mesas em conversas entre amigos, os assuntos que predominam envolvem a vida do outro, de um outro e daquele outro. Raros são os que sentam para humilhar-se no falar e expor suas crises pedindo ajuda. Raros são os que sentam para crescer ao ouvir o outro falar de si. Raros são os que sentam para resolver - resolver mesmo, os impasses da vida e estabelecer vínculo maior. Dessas conversas assim a gente foge, temos medo. Egoísmo? Orgulho? Burrice? Não, não nada é disso? Não sei.

Acontece, que o fato de não ter dificuldade com essas questões não faz de mim melhor que ninguém. Ao contrário, sofro muito com isso. No entanto, como amo o lado bom de poder respirar, viver na "corda bamba" me faz feliz. Euforia domada é sensação libertadora e produtiva, donde nascem novas ideias e inúmeras possibilidades de ser, de recomeçar, de ir um pouco mais além. Faz-me lembrar que há vida logo ali, além daqui.

Uma ideia, outra ideia que seja... Um sonho, novo ou velho que seja... Eles brotam dos emaranhados do existir. A vida fica mais rica com ideias e sonhos que são meus quando transformados em nossos. Não é viver de utopia, são ideias que geram sonhos. É viver com consciência, não são pessoas medíocres que geram soluções. Não apenas pelas soluções, mas por maturidade, pelo crescimento. Realizar sonhos é coisa de gente grande. Grandes, os sonhos estão a nossa espera. Não pelos sonhos, mas pelo simples fato de tê-los, nossa vida tem mais vida!

Ei! O carro do ano, o último lançamento das vitrines ou o marido da vizinha são realmente interessantes pra você? 

Felicidade mais chegada, és bem-vinda. Sempre serás!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

"É Pau, É Pedra".

Amo Tom! Sinceramente, não são músicas que ouço todos os dias, mas quando aquelas melodias resolvem aparecer é uma sensação nova e encantadora. Chove agora. Dá para ouvir o barulho dos pingos no telhado. "É um pingo pingando". Ouvi a música ontem, mas ela ainda toca dentro de mim e provavelmente deve permanecer em meus ouvidos por um bom tempo. A arte tem dessas coisas. Não estamos em março, mas escuto barulho de água e ainda é início de outono. 
As coisas são simplesmente coisas, cada qual em seu lugar com seu significado e valor. O legal de tudo isso é que quem define essas coisas e estabelece seus sentidos somos nós. Uma nova perspectiva muda tudo. É! Precisa ser assim porque viga, vão, chuva chovendo, gesto, vento ventando, fim da ladeira, conversa ribeira, fim da canseira, pé, chão, pau, pedra, fim, caminho e tantas outras coisas da vida são e sempre serão. Na verdade, ao fim, o que nos resta é um coração. Que ele bata cheio de esperança.
"(...) É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
(...) É a promessa de vida no teu coração".
Num primeiro olhar a vida pode parecer muito dura, mas deixa o pingo pingar. Tem tijolo chegando. Sempre haverão águas, não só em março. Verão não é necessariamente sinônimo de boa estação. Amo inverno! 


sábado, 5 de abril de 2014

Quase



"Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase! É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel, por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, e o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige, nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para o fracasso, chance, para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.

Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor, não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando... Fazendo que planejando... Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre, ainda esteja vivo, quem quase vive já morreu".


(Luiz Fernando Veríssimo)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Janelas, Para Quê?



Enfeitadas, com jardim, sem grades, coloridas, pequenas, empoeiradas, com blackoutgrandes, sem jardim, com grades, entra luz, entra bichos, entra mosquito, entra vento, entra o sol. Janelas. Se não forem abertas perdem o seu sentido. Elas existem para arejar a história da gente. Tenho descoberto uma nova maneira de ali, tocar as nuanças da vida com olhares menos rigorosos. Mas, comecei a desvendar mistérios do viver quando ousei sair. Saí da minha janela, saí e fui. Ao encontro daquilo que me esperava lá fora, encontrei cheiros extraordinários de paz e alegria enquanto percorria sem receio um caminho de pedras e monturos. Descortinei novas janelas. É preferível morrer ludibriada a levar para a sepultura irremissível uma falsa certeza - enquanto expectadora em janelas que são minhas.

Fechem as janelas, tô saindo!

[...] De volta ao lar, aqueles buracos em minha parede tornam a ventilar novos ares. 

Abram as janelas, preciso de ar!
Preciso de fôlego pra sair de novo.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Falando Sozinha


Quando tudo o que temos é ser. Vida real nua e crua. Imagino que a vida possa parecer mais leve quando sorrimos, só imagino. Fato é que nem sempre é assim que funciona. Nem sempre, eu disse. Pode parecer coisa de gente maluca; não me considero, mas... que seja! Hoje estou escrevendo para mim. Quem se importa afinal? Quem? Quem realmente se importa?! Frases clichês não resolvem os problemas da humanidade. Minhas mãos também não os resolverão. Mas, sei que minha postura ante ao mundo e as pessoas que me cercam diz respeito a quem eu sou, e, isso tem sim o seu valor. O meu lugar na sociedade onde estou inserida, onde escolhi ser aceita e habitar, ninguém me tira! Vida que segue em seus eternos caminhos mil. Somos resultado daquilo que escolhemos e ser produto do meio é coisa de gente que vive sem existir. Que se explodam os cérebros que insistem em dizer o contrário. Existir dói e requer decisões ousadas e maduras, pois é impossível existir sozinho. Só existe neste mundo aquele que existe no outro. Quando não é assim, se respira enquanto vive como uma planta qualquer em processo de fotossíntese. E, para se deixar existir no outro é preciso coragem, muita coragem; requer amor, coisa de gente forte de verdade. Há alguns dias, alguém me relembrou uma frase incrível: "não roube o amanhã das mãos de Deus", em outras palavras: “não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal”. Mais uma vez isso me confortou. Nesta vida real nua e crua, quando tudo o que temos é ser e ser se torna enfadonho, imagino que a vida possa parecer mais leve quando sorrimos, só imagino. Imaginação ganha forma e meu sorriso acontece. Fato é que isso às vezes funciona. Às vezes, eu disse.

sábado, 8 de março de 2014

Cada Mulher






Mulher que é mulher sabe viver. Não são todas. É preciso ser mulher de verdade, não só no nome ou na certidão de nascimento. São Saras, Helenas, Danieles... que nos revelam o quanto sorrir faz bem apesar de todo peso que circunstâncias adversas podem trazer. Cada mulher sabe das dores e da imensurável alegria que é ser mulher. 

Mulher que é mulher sabe amar. Não são todas. É preciso ser mulher de verdade, não só no novo nome ou na certidão de casamento. São Marias, Joanas, Lauras... que nos inspiram força, coragem e determinação. Cada mulher sabe de sua luta diária que a torna cada vez mais plena e capaz de cumprir seu papel neste mundo. Ágape, Philos ou Eros, amar é fácil pra quem é mulher; mulher de verdade. Já nascemos com isso  - de amar, correndo nas veias da gente. 

Mulher que é mulher sabe gerar. Não são todas. É preciso ser mulher de verdade, não só ao escolher um nome ou ao intitular uma filiação materna. São Anas, Isabelas, Teresas... que nos mostram com tanta simplicidade o quão belo é o dom da vida. Cada mulher sabe exatamente o valor de uma mãe, ainda mais quando Deus lhe concede a graça de sê-la. 

E essa mulher, por vezes são filhas, mães, esposas, avós, profissionais, amigas, psicólogas, faxineiras, lavadeiras, cozinheiras, professoras, office girls, conselheiras, enfermeiras, e tantas outras numa só!

Mulher que é mulher esquece tudo o que sabe quando coloca tudo o que tem em função daquilo que ama e acredita. Por isso, aguenta. Não desiste. Transforma-se em mil. Adoece. Morre se preciso. Mulher assim, não precisa de muito. Não precisa de flor, de dinheiro, de bombom... apenas uma coisa lhe é suficiente: o amor de alguém pra amar. 

Mulher que é mulher. Não são todas. É preciso ser mulher de verdade. Cada mulher sabe.

Para ajudar fomos criadas e somos nós quem damos à luz; damos luz e cor à vida - deles.  



quarta-feira, 5 de março de 2014

Tempo Que Só




Em minhas saídas fora de tempo,
no tempo que só era meu enquanto lá,
encontrava o que eu queria por vezes perder 
e perdia por aquele chão o que eu queria encontrar.

Tudo culpa do zeloso, 
por vezes displicente e desmazelado; 
do rotineiro, 
ora inusitado - tempo. 

Tempo pobre. Tempo rico.
Não existe tempo sem riqueza. 
Tempo que só faz bem,
tempo que só nos faz enganar,
tempo que só nos leva de volta,
tempo que só.

Tempo forte e só forte.
Não existe tempo fraco.
Tempo que só consome,
tempo que só nos faz acordar,
tempo que só nos empresta o sono,
tempo que só.

Tempo curto. Tempo longo.
Uma tal diacronia que conversa com meu tempo.
Tempo que só tem tempo pra mim,
tempo que me faz reviver,
tempo que devolve a vida em tempo,
tempo que só. E não só, eu faço o tempo. 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Por que amar?





Não se vive sem amor. O amor tudo sofre, porque o sofrimento é inerente à vida. Tudo crê, porque nada além dele, é tão forte que nos torne perfeitamente aptos a lutar. Tudo espera, porque é a raiz da esperança. Tudo suporta porque é o que nos faz resilientes e não há orgulho que o resista.
A Vida é Amor e viver é amar.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Rodinhas para trás



Lembro-me bem da velha cecizinha cor-de-rosa. Lembro-me de quando com rodinhas bambas, meu pai sugeriu que eu as tirasse. Decidi que sim. Tive medo, mas ele prometeu que estaria ali segurando em minha garupa. Aceitei o desafio. Meu pai realmente estava ali. Ouvi repetidas vezes: "-Pedala filha, estou segurando". O guidom tremia, mas obedeci. De repente, me dei conta de que estava pedalando sozinha. Aprendi! Muitos joelhos ralados, eu sei. Mas aprendi. Nos primeiros dias, meu pai estava sempre ao meu lado. Ajudava-me nas quedas, e não mais segurava em minha garupa. Afinal, já era um recurso desnecessário. 

Nas pedaladas da vida, muitas das vezes, o grande erro que cometemos é insistir em utilizar recursos desnecessários. Em algum momento, tal fator nos foi preponderante, mas hoje já não o é. Admitamos. Já aprendemos. Só nos resta força de vontade para o aperfeiçoamento. E, ainda assim queremos ser tratados com regalias. Perda de tempo. Tempo de aprender com experiências novas que não acontecerão se deixarmos que nos tratem como quem ainda não aprendeu. Crescer dói. Sem dor não há crescimento. Nada de extraordinário acontecerá se não estivermos dispostos a correr riscos. 

Na vida é bem assim. Joelhos ralados, um tombo aqui outro ali. Depois de um certo tempo, manter o equilíbrio torna-se mais fácil. O que não lhe isenta de uma queda inusitada. A trilha nem sempre nos favorece. O importante é seguir. 




sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Mestres Por Natureza

Hoje, enquanto andava pelas ruas de minha cidade, deparei-me com algumas pessoas idosas. Umas mais endinheiradas que as outras, certamente. Mas, estava a pensar sobre algo que as tornam iguais, que muitas das vezes é desvalorizado ou omitido pelas próprias. Ter idade avançada é um presente divino. Não importa se boa ou ruim, a história das mãos enrugadas, dos cabelos grisalhos, da voz fragilizada - e, às vezes, de uma bengalinha estilosa, nada mais é que revelação pura de sabedoria. 

"Agora que estou velho, de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que eu possa falar da tua força aos nossos filhos, e do teu poder ás futuras gerações".

(Sl. 71:18)



Triste é que a simpatia contagiante da maioria deles está pautada na dura realidade que encaram todas as manhãs: o tempo deles entre nós é, teoricamente, menor. Talvez, se vivêssemos lembrando disso, inventaríamos dias melhores. Em se tratando de efemeridade, somos todos iguais.

É sempre bom parar pra ouvi-los. Eles, afinal de contas, têm muito a nos ensinar! Da próxima vez que tiver preciosa oportunidade, por mais ateu que possa ser tal idoso, observe. Será sempre possível perceber o poder de Deus em sua vida. Pensando bem, há uma coisa em nós que não envelhece com o passar dos anos: o brilho nos olhos. Lindo ver no sorriso desenhado por protéticos que apesar de sermos tão cheios de picuinhas bobas, a vida vale a pena.