quarta-feira, 16 de abril de 2014

"É Pau, É Pedra".

Amo Tom! Sinceramente, não são músicas que ouço todos os dias, mas quando aquelas melodias resolvem aparecer é uma sensação nova e encantadora. Chove agora. Dá para ouvir o barulho dos pingos no telhado. "É um pingo pingando". Ouvi a música ontem, mas ela ainda toca dentro de mim e provavelmente deve permanecer em meus ouvidos por um bom tempo. A arte tem dessas coisas. Não estamos em março, mas escuto barulho de água e ainda é início de outono. 
As coisas são simplesmente coisas, cada qual em seu lugar com seu significado e valor. O legal de tudo isso é que quem define essas coisas e estabelece seus sentidos somos nós. Uma nova perspectiva muda tudo. É! Precisa ser assim porque viga, vão, chuva chovendo, gesto, vento ventando, fim da ladeira, conversa ribeira, fim da canseira, pé, chão, pau, pedra, fim, caminho e tantas outras coisas da vida são e sempre serão. Na verdade, ao fim, o que nos resta é um coração. Que ele bata cheio de esperança.
"(...) É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
(...) É a promessa de vida no teu coração".
Num primeiro olhar a vida pode parecer muito dura, mas deixa o pingo pingar. Tem tijolo chegando. Sempre haverão águas, não só em março. Verão não é necessariamente sinônimo de boa estação. Amo inverno! 


sábado, 5 de abril de 2014

Quase



"Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase! É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel, por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.

A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, e o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige, nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para o fracasso, chance, para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.

Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor, não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando... Fazendo que planejando... Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre, ainda esteja vivo, quem quase vive já morreu".


(Luiz Fernando Veríssimo)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Janelas, Para Quê?



Enfeitadas, com jardim, sem grades, coloridas, pequenas, empoeiradas, com blackoutgrandes, sem jardim, com grades, entra luz, entra bichos, entra mosquito, entra vento, entra o sol. Janelas. Se não forem abertas perdem o seu sentido. Elas existem para arejar a história da gente. Tenho descoberto uma nova maneira de ali, tocar as nuanças da vida com olhares menos rigorosos. Mas, comecei a desvendar mistérios do viver quando ousei sair. Saí da minha janela, saí e fui. Ao encontro daquilo que me esperava lá fora, encontrei cheiros extraordinários de paz e alegria enquanto percorria sem receio um caminho de pedras e monturos. Descortinei novas janelas. É preferível morrer ludibriada a levar para a sepultura irremissível uma falsa certeza - enquanto expectadora em janelas que são minhas.

Fechem as janelas, tô saindo!

[...] De volta ao lar, aqueles buracos em minha parede tornam a ventilar novos ares. 

Abram as janelas, preciso de ar!
Preciso de fôlego pra sair de novo.