segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Rodinhas para trás



Lembro-me bem da velha cecizinha cor-de-rosa. Lembro-me de quando com rodinhas bambas, meu pai sugeriu que eu as tirasse. Decidi que sim. Tive medo, mas ele prometeu que estaria ali segurando em minha garupa. Aceitei o desafio. Meu pai realmente estava ali. Ouvi repetidas vezes: "-Pedala filha, estou segurando". O guidom tremia, mas obedeci. De repente, me dei conta de que estava pedalando sozinha. Aprendi! Muitos joelhos ralados, eu sei. Mas aprendi. Nos primeiros dias, meu pai estava sempre ao meu lado. Ajudava-me nas quedas, e não mais segurava em minha garupa. Afinal, já era um recurso desnecessário. 

Nas pedaladas da vida, muitas das vezes, o grande erro que cometemos é insistir em utilizar recursos desnecessários. Em algum momento, tal fator nos foi preponderante, mas hoje já não o é. Admitamos. Já aprendemos. Só nos resta força de vontade para o aperfeiçoamento. E, ainda assim queremos ser tratados com regalias. Perda de tempo. Tempo de aprender com experiências novas que não acontecerão se deixarmos que nos tratem como quem ainda não aprendeu. Crescer dói. Sem dor não há crescimento. Nada de extraordinário acontecerá se não estivermos dispostos a correr riscos. 

Na vida é bem assim. Joelhos ralados, um tombo aqui outro ali. Depois de um certo tempo, manter o equilíbrio torna-se mais fácil. O que não lhe isenta de uma queda inusitada. A trilha nem sempre nos favorece. O importante é seguir. 




sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Mestres Por Natureza

Hoje, enquanto andava pelas ruas de minha cidade, deparei-me com algumas pessoas idosas. Umas mais endinheiradas que as outras, certamente. Mas, estava a pensar sobre algo que as tornam iguais, que muitas das vezes é desvalorizado ou omitido pelas próprias. Ter idade avançada é um presente divino. Não importa se boa ou ruim, a história das mãos enrugadas, dos cabelos grisalhos, da voz fragilizada - e, às vezes, de uma bengalinha estilosa, nada mais é que revelação pura de sabedoria. 

"Agora que estou velho, de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que eu possa falar da tua força aos nossos filhos, e do teu poder ás futuras gerações".

(Sl. 71:18)



Triste é que a simpatia contagiante da maioria deles está pautada na dura realidade que encaram todas as manhãs: o tempo deles entre nós é, teoricamente, menor. Talvez, se vivêssemos lembrando disso, inventaríamos dias melhores. Em se tratando de efemeridade, somos todos iguais.

É sempre bom parar pra ouvi-los. Eles, afinal de contas, têm muito a nos ensinar! Da próxima vez que tiver preciosa oportunidade, por mais ateu que possa ser tal idoso, observe. Será sempre possível perceber o poder de Deus em sua vida. Pensando bem, há uma coisa em nós que não envelhece com o passar dos anos: o brilho nos olhos. Lindo ver no sorriso desenhado por protéticos que apesar de sermos tão cheios de picuinhas bobas, a vida vale a pena.